O olhar sobre Presenças...
Primeira residência
artística da obra de criação “Presenças”.
Para escrever
impressões e sensações do que é vivido, sentido e imaginado no processo de
construção da obra artística “Presenças” é necessário uma intensa profundidade
ao interrogar-se, ao entender o significado de desnuda-se para mergulhar no seu
íntimo, no que seja mais verdadeiro, se permitindo conhecer, além, do que você
acha que já se conhece. Portanto, o início é a reflexão para responder tais indagações
feitas para si mesmo e para os outros, devem ser do eu – corpo, e ouvir as
respostas dos que estão presente no processo, como: o que faz cada um enquanto
artista assumir a proposta do coreógrafo? O porquê trocar experiências e vivências com
um artista europeu, com uma cultura totalmente diferente da nossa? E o que essa
experiência transformar ou contaminar o meu sentir, o nosso viver a dança? Qual
o entendimento dos envolvidos do que seja identidade? Reflexões,
questionamentos e respostas foram surgindo no decorrer do trabalho.
Nesse primeiro contato,
percebi que seria uma oportunidade de viver a dança de uma maneira profunda, de
discutir um assunto tão atual e honesto. Perceber como uma temática tão forte
pode fazer com que o intérprete mergulhe mais profundo na sua dança. Descobrir,
me descobrir e me revelar foi preciso, para entregar, sentir e ser-eu, pois era
esse o caminho que o diretor acreditava, extraindo do bailarino o que ele nem
imagina mostrar.
Presenças interroga o
intérprete de uma forma intrigante, porque é necessário buscar a integridade ao
falar com o corpo, externalizando sentimentos e sensações, dando respostas
intensas em alguns momentos, envolvendo toda a estrutura física e emocional do
intérprete, sendo uma constante descoberta pessoal.
A procura pelo caminho
que trilhamos ou queremos estar é um percurso que é proposto pelo diretor e
coreógrafo, e, o que é interessante
é ver como cada um carrega a sua história, memória e identidade, e a partir daí
apresentar o material muito pessoal ao coreógrafo.
É muito bom perceber o
envolvimento de cada pessoa que está na sala de dança, os bailarinos, os
convidados observadores, o músico, a artista que registra o audiovisual, enfim nesse
momento todos fazem parte do espetáculo, todos se permitem envolver nessa
construção artística.
Os dias trabalhados, os
dias vividos em Presenças foram enriquecedores e únicos. A sensibilidade de
como o Patrick conduz o trabalho, o respeito e entendimento de como se prepara o
corpo no primeiro momento desse trabalho, o saber: escutar, sentir e o olhar
para dentro são importantíssimos. A
preocupação de como o bailarino percebe o seu corpo no primeiro contato ao
entrar na sala de dança, tudo é muito claro e cuidadoso.
Patrick Servius fala das
seguintes informações de corpo:
Deixar o movimento
fluir, a partir das conexões internas;
A sensibilização do
bailarino para que possa responder aos estímulos dados no momento da criação;
Os olhares externos influenciam no artista que
pesquisa? Existi a troca de energia?
Todos que estão no
processo se permitirem-se são afetados emocionalmente e psicologicamente;
A mudança do corpo
(mente, espírito, matéria) em alguns aspectos, depois do dia trabalhado;
A reflexão de como
sentir e dizer à dança que fazemos aqui...
Enfim, Patrick diz com
o seu olhar:
Para estar “aqui” é
preciso conhecer-se, é necessário saber qual o caminho e aonde você quer
chegar. Saber de sua história e assim
poderá responder a si mesmo.
Presenças é mais intenso do que se pode imaginar...