sábado, 28 de dezembro de 2013

PROJETO PRESENÇAS POR CLÉIA ALVES


    O projeto “Presenças” promoveu um encontro de duas culturas diferentes entre Brasil e França tendo as cidades de Manaus e Marselha como palco para a concretização das atividades através de residências, oficinas, palestra, encontros, bate papos e apresentações artísticas nos meses de fevereiro, março, agosto, setembro e novembro de 2013.

    Para mim foi feito o convite para participar do projeto na parte do registro audiovisual pelo qual me senti presenteada com um trabalho dessa natureza.

    O registro do projeto foi muito gratificante para mim como artista investigadora, pois um olhar de fora sempre instiga e visualiza algo que vai mais além do que os olhos podem registrar no momento da ação. Um recorte, um ângulo, uma expressão, uma emoção nos diz muito sobre aquele que se move e infinitas são as suas leituras e releituras e penso que isto ajudou um pouco na procura daquilo que Patrick Servius e os artistas envolvidos estavam investigando para a criação da obra.

    A residência em Manaus foi um trabalho de investigação que provocou muitas emoções e sensações tanto para o coreógrafo quanto para os que estavam envolvidos no processo de investigação e criação. O coreógrafo Patrick Servius pôde perceber que entender sobre outra cultura pela qual não tinha um tempo maior para um estudo aprofundado, ( e digo que nem todo o tempo seria suficiente para um entendimento pleno) deveria ser um trabalho muito cuidadoso e sensível para que o resultado pudesse ser satisfatório para todos.

    A importância de Presenças foi um intercâmbio cultural entre a cultura da região norte do Brasil, um lugar quente e úmido com um clima que age sob o comportamento das pessoas que nela vivem e uma cidade mediterrânea no sul da França, local que recebeu os artistas do Brasil muito bem e que propôs um acolhimento buscando entender e compartilhar ideias e conhecimentos dos amazonenses.

    Penso que os artistas envolvidos puderam perceber a importância de saber sobre sua cultura e identidade, saber o valor do seu fazer artístico e a importância que isto tem em suas vidas.

    “Presenças” veio em um momento muito importante para o movimento da dança em Manaus porque este propôs um novo modo de manter as atividades da Contem Dança Cia através do intercâmbio internacional. O projeto Presenças só veio confirmar que existem meios de manter um trabalho sério de pesquisa, investigação e manutenção de nossa cultura avançando e ampliando num sentido da multiplicidade das artes. 

    Espero que este projeto tenham vida longa e que outros artistas possam ampliar a rede de conhecimento e compartilhamento de ideias e criações.

 

Cléia Alves
Professora de Dança


segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Olhar de Kenjah sobre "Presenças"



Aux racines de la mémoire du corps...

Interroger la présence de l’Homme au monde c’est, nous donne à voir le chorégraphe Patrick Servius, retremper dans la mangrove primordiale d’où la vie s’est échappée de sa moite intériorité pour projeter ses racines sur les rives de la matière et du mouvement. La présence est ce projet d’élévation qui, de la gravité de nos ancrages à la terre aux fulgurances du corps, nous porte à l’Autre et au partage. La présence est cette tresse des flux mémoriels qui agite l’infinie recomposition du corps et de ses désirs. Ainsi danse la dernière création de la Cie du Rêve de la Soie, qui va puiser dans la densité amazonienne de Manaus (Brésil) la dramaturgie charnelle des pulsions primitives et l’entrelacs initiatique des émergences collectives. Le corps, cette grande foule solitaire, s’enlace, s’élance, s’alliance au ballet des tensions, sur la ligne de crête des cinq traces qu’exhale la transe des artistes sur les percussions intimes de la Forêt et du Fleuve. Comme autant de Présences, intenses et sensibles. Comme autant de remontées vers l’essence d’où fleurissent les gestes et le mouvement. Alors, par le rituel ancestral de la liberté convoquée, une paix nouvelle se dresse, enfin couronnée de la Parole. A l’appel en nous-mêmes de l’humain et de la beauté. On comprend ainsi l’impératif de sortir de soi pour se (re)trouver, de risquer l’en-aller vers la différence pour mieux peser de son poids propre. Et l’urgence de libérer l’espérance des peurs que la mémoire du corps archive dans l’inconscient de notre pure humanité... Sans doute est-ce là la plus essentielle leçon que nous offre ce projet fraternel et ambitieux où les foisonnements fascinants du Nouveau Monde enfantent l’horizon éternel de la Vie...

Kenjah, Marseille 2013